terça-feira, 9 de setembro de 2008

A história perdida de Eva Braun





Angela Lambert
Aqui não escreverei o resumo do livro, mas a impressão que ele me causou. Sob o ponto de vista de curiosidade, talvez seja interessante, todavia a tradução deixa a desejar, pois existem simples erros de português, que poderiam ter sido corrigidos.
A narrativa conta a história de Eva e Hitler de maneira bem casual. No início é agradável, pois fala mais dos hábitos e costumes da Alemanha nas primeiras décadas do século XX, já que não existe material suficiente sobre ela. A mãe da escritora teria idade de Eva, sendo, então possível imaginar a educação, hábitos, costumes e preferências da biografada. Era uma Alemanha arrasada pela primeira guerra mundial. Pobre, com alta inflação, desestimulada pela falta de perspectivas e um tanto acéfala quanto ao governo. Suas crianças, jovens e adultos foram presas fáceis para o regime nazista, ansioso por poder. Ela descreve essa transformação e crescimento do nazismo e o grande e antiqüíssimo preconceito contra os judeus. Não só contra ele, mas também contra os homossexuais, deficientes físicos e mentais, intelectuais e católicos, que foram exterminados covarde e cruelmente durante esses doze anos do terceiro Reich.
Angela é muito didática na narrativa e com isso torna-se bastante repetitiva. Não há como esquecer qualquer passagem, pois ela será recontada diversas vezes.
Eva é descrita, ora como fútil, ora como uma pessoa boa, leal à sua causa e ao seu amante. Hitler é descrito como líder sanguinário e como um ser humano comum: inseguro, nada brilhante, persistente, megalomaníaco, vindo de família pobre e com genes defeituosos, devido ao incesto recorrente na família, invejoso, cruel, todavia gentil com as mulheres, discreto e amável com seus bajuladores. Hitler e Eva conhecem-se, casualmente no estúdio de seu fotógrafo, onde ela fazia revelações fotográficas. Era quase uma adolescente e ele era encantado por meninas jovens, tendo sido amante se sua própria sobrinha! Conquistando-a, facilmente, começam uma relação amorosa. Porém Hitler era um homem com pouquíssima libido, sendo o sexo para ele totalmente indiferente. Isso não incomodava sua parceira, que o amava acima de tudo. Sua família, a princípio, discorda da relação, mas no final usufrui muito dos favores de Hitler. Eva deixa a casa dos pais, indo morar com a irmã num elegante subúrbio. Hitler presentei-a com uma casinha super confortável, com apenas 800 metros de jardim! Em plena penúria alemã! Depois o Fuhrer “adquiri “uma belíssima propriedade (saqueia) e vai morar numa montanha magnífica, para onde leva todo seu quartel general. Para tanto, torna a confiscar as fazendas, casas e hotéis vizinhos. Reforma a casa original, constrói inúmeros bangalôs e até mesmo um hospital. É uma verdadeira vila nazista, onde todos comem e bebem do melhor e ostentam o mais absoluto luxo. A autora alega que Eva não tinha a menor noção do que acontecia no país e que não sabia da origem dos bens! É difícil acreditar. Angela sugere que Hitler se interessa por Eva, pelo fato dela representar o ideal da mulher alemã da época: submissa, desinformada, fiel, cabelos claros e olhos azuis e por não ter antecedentes judeus. Mas ela não foi todo o tempo submissa, apesar de só viver para agradá-lo e mimá-lo e ser mimada. Para mim fica uma forte impressão de que ela amava-o pelo que ele representava: um homem decidido, mais velho, sedutor e PODEROSO. Acho que o poder a seduziu! Ela não exigia a sua presença, mas a grande separação devido ao seu cargo, fez com que ela tentasse suicido mais de uma vez. Eles não foram, realmente pra morrer, mas para chamar a atenção do amante.
A segunda guerra mundial começa de maneira não formal, já com a invasão em si. No primeiro ano ela é precária, segundo a autora, tornando-se, com o passar do tempo violentíssima, destruindo os países invadidos e a própria Alemanha. Esta guerra torna-se mais polêmica pela ótica dos alemães intelectuais e de bom senso que, absolutamente, não concordavam com isso.
Hitler torna-se um homem rico e seu estado maior mais ainda, pois saqueavam as famílias judaicas e dividiam seus bens. Contudo Hitler não quer muitas coisas, pois seu estilo é espartano. Todavia comete a imoralidade de deixar que seus oficiais fiquem com que quiseram. Com sua própria família não é pródigo e no início, também não o é com Eva, que não ficava suplicando por bens. Eva, ao longo do seu relacionamento, se mostra vaidosa, exigente (seus vestidos e sapatos são feitos em Paris e na Itália, onde tem livre acesso pela grande amizade com Mussolini). Com o início da derrocada do terceiro Reich, é construído um enorme bunker para que ele possa se abrigar. Eva e família continuam em festas e desfrutando de inúmeras viagens de férias. Esquiando, nadando, fazendo exercícios ao ar livre, pois esporte era seu grande forte e talvez pudesse ter sido uma atleta profissional. Hitler era um covarde. Nunca visitou um campo de batalha, a fim de levantar a moral de seus jovens soldados, com faziam Churchill ou Lênin. Tampouco nenhum campo de concentração, segundo a autora. Depois de inúmeros bombardeios sobre a Alemanha as tropas russas aproximam-se de Berlim e do bunker. Eva decidiu juntar-se a ele, para animá-lo, levando dezenas de vestidos caros e sapatos Ferragamo. Quando os inimigos, praticamente, já estão em cima deles, Hitler concede a saída de quem quiser, e a maioria o quer. Este fato magoou-o muito. Distribuiu cápsulas de cianureto para que não fossem aprisionados pelos russos. No final ele e Eva fecham-se numa sala. Eva toma o cianureto, pois não quer ser um cadáver assustador, e ele dá um tiro na têmpora, morrendo os dois sem o sofrimento que impingiram a milhões de pessoas. Seus corpos foram queimados, mas não totalmente desfeitos. Essa é a grande prova de suas mortes. Uma história de amor das mais sinceras e macabras que já houve na humanidade!

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