quinta-feira, 28 de agosto de 2008

FICÇÕES de Jorge Luis Borges



O JARDIM DE VEREDAS QUE SE BIFURCAM (1941) tlön, uqbar, orbis tertius

O personagem que conta esta incrível história explica que ela nasceu da conjunção de dois elementos – um espelho e uma enciclopédia. A enciclopédia, Encyclopaedia Britannica de 1902, reimprimida em 1917(Nova York). O espelho ficava no fundo de um corredor. Nosso narrador e Bioy Casares polemizavam sobre um livro que deveria estar escrito na primeira pessoa e que ele desfigurasse os fatos, tornando-se, assim, apropriado a muito poucos leitores. “Os espelhos têm algo de monstruoso... eles e “a cópula são abomináveis porque multiplicam o número dos homens”. Essa sentença estava escrita no The Anglo-American Cyclopaedia em seu artigo sobre Uqbar. Pesquisando na obra não encontram nada, mas ao sair disse ao amigo que era uma região do Iraque ou Ásia Menor. Bioy ao chegar a Buenos Aires telefona avisando que achara o artigo, mas não o nome do heresiarca[1]. Lendo o resto do documento, ele se mostra um pouco tedioso. Dos nomes geográficos só reconheceram Jorasã, Armênia, Erzerum. Dos históricos Esmerides, o mago. Suas fronteiras eram indistintas. Na seção histórica vêem que os ortodoxos buscam um refúgio nas ilhas (sec.XIII). Em literatura descobrem que ela era de caráter fantástico e que nunca ninguém estivera em Uqbar e suas lendas e epopéias referem-se somente as regiões imaginárias de Mlejnas e Tlön. Herbert Ashe, engenheiro de ferrovias, possivelmente viúvo e sem filhos, ia regularmente à Inglaterra visitar uns carvalhos e um relógio de sol. Mantivera com o pai do narrador uma amizade inglesa “que começa por excluir a confidência, e logo depois omite o diálogo”. Herbert, em 1937, recebe um livro do Brasil, escrito em inglês, e antes de morrer deixa-o em um bar, onde é encontrado, meses depois, pelo narrador. Continha mil e uma páginas, não havia indicação de lugar nem data. Na primeira página continha a inscrição: Orbis Tertius. O livro contava a descrição de um planeta desconhecido com toda sua arquitetura, história, geografia, botânica, mitologia, geologia, matemática, teologia e metafísica. Tudo isso sem intenção droutinária. Mas quem são os inventores de Tlön? A princípio acreditava-se que era um caos, agora se sabe que não: é um cosmo e há leis que o regem. As nações que compõem esse planeta são idealistas e suas regras “pressupõem o idealismo”. Seu mundo é uma sucessão de atos independentes. É “sucessivo, temporal, não espacial”. Não há substantivos, os verbos são impessoais. Os substantivos são compostos por um grande número de adjetivos. A célula principal da língua é o adjetivo monossilábico. Sua cultura clássica é a psicologia. A maneira como raciocinam invalidaria a ciência, mas elas permanecem em grande número. Seus metafísicos “buscam o assombro”. Uma de suas escolas, por exemplo, diz que “o presente é indefinido, que o futuro não tem realidade senão como esperança presente, que o passado não tem realidade senão como recordação presente. (Analisemos esse depoimento. De fato o presente é o agora, o passado só lembrança e o futuro é um anseio! Essa é uma das afirmações mais belas e verdadeiras que já li!). Outra escola diz que nossa vida é pura recordação do que já transcorreu e mais outra que enquanto dormimos aqui, estamos acordados em outro local, conseqüentemente somos dois! O materialismo é simplesmente abominado nesse planeta. A geometria de Tlön é dividida em visual e tátil, sendo esta subordinada à visual. Sua base é a superfície “o homem que se desloca modifica as formas que o circundam”. Já na aritmética a base são os números indefinidos. Na literatura o sujeito é único. Os livros são raramente assinados, todas as obras acabam pertencendo a um só autor, pois não existe o plágio! O escritor torna-se anônimo e atemporal e um livro que não inclua seu contra livro é considerado incompleto. Em Tlön as coisas multiplicam-se, mas também se apagam e perdem “os detalhes quando as pessoas se esquecem”. O exemplo clássico disso é um umbral que durou enquanto um mendigo visitava-o, mas após sua morte, se perdeu. Em 1941 achou-se uma carta elucidativa do mistério de Tlön. Seu texto dizia que no século XVII, em Londres ou Lucerna, é fundada uma sociedade secreta a fim de inventar um país. Todavia diante de tantas dificuldades e o tempo exaurindo, seus membros viram que era impossível acabar essa missão e escolheram um discípulo cada um, para continuar a obra. Era uma “disposição hereditária”. Depois de dois séculos a mesma sociedade ressurge na América do Norte. Em 1824, Memphis, uma pessoa membro da sociedade procura um milionário, Ezra Buckley, e lhe propõe inventar um país na América. Contudo esse magnífico homem contrapõe com o projeto de inventar um outro planeta! Só um item é solicitado: “guardar no silêncio a empresa enorme”. Ezra sugere a feitura de uma enciclopédia “do planeta ilusório” Tudo será deixado, “mas a obra não pactuará com o impostor Jesus Cristo”. Serão elaborados quarenta tomos. Ezra, apesar de ser ateu, quer demonstrar ao Deus que não crê, que os mortais são capazes de conceber um mundo! Em 1828 Buckley morre envenenado e em 1914 essa sociedade secreta envia aos colaboradores o volume final da primeira Enciclopédia de Tlön: Orbis Tertius, escrito em um de seus idiomas. Um dos membros a recebê-lo foi nosso engenheiro Herbert Ashe. Em 1942, França, uma princesa recebe sua baixela de prata em um caixote, e entre os objetos se encontra uma bússola, cujas letras correspondem a um dos alfabetos de Tlön. Agora o mundo fantástico pela primeira vez, se mistura com o mundo real. A segunda intrusão de tal fato ocorre no sul do Brasil, tendo o nosso narrador como testemunha. Ele e o amigo Amorim hospedam-se em uma modesta venda. Durante a noite não conseguem dormir por causa de uma gritaria infernal. Seria um bêbado, mas no início de madrugada ele está morto, caindo de seu “cinturão algumas moedas e um cone de metal reluzente, no diâmetro de um dado”. Ao tentar pegá-lo não conseguem, pois ele é pesadíssimo, desproporcional ao seu tamanho. Amorim acaba comprando-o. Esses pequenos e pesados cones “são imagem da divindade, em certas religiões de Tlön”. Em 1944 em Memphis, um investigador do jornal The American testemunha a exumação dos quarenta volumes da Primeira Enciclopédia de Tlön: Orbis Tertius. Alguns traços do exemplar de Memphis foram eliminados. Isso seria parte de um plano, no qual coisas do mundo irreal seriam incompatíveis com o mundo real.” A realidade cedeu em mais um ponto”. “Há dez anos bastava qualquer simetria com aparência de ordem – o materialismo dialético, o anti-semitismo, o nazismo – para inflamar os homens. Como não se submeter à Tlön, à minuciosa e vasta evidência de um planeta ordenado?”Tlön e suas leis desintegraram este mundo. Tlön apesar de se caótico era criado por homens e destinado a ser compreendido por eles ao contrário das leis divinas, que são difíceis de se perceber inteiramente. Encantada com o rigor do planeta irreal, “a humanidade esquece que é um rigor de enxadrista, não de anjos”. Seu sucesso prossegue até nossos dias, um passado fictício e falso já ocupa nossas memórias. Talvez em um século se descubra mais cem tomos da Segunda Enciclopédia de Tlön. O narrador prevê que o mundo, então será Tlön, mas o narrador, no momento em que se encontra não se importa com nada e “continua revendo, na quietude dos dias do hotel de Androgué, uma indecisa tradução quevediana (que não pensa publicar) do Urn Burial de Browne”.

PIERRE MENARD, autor do Quixote


Essa é uma crônica sobre o grande romancista francês, Pierre Menard, que resolveu reescrever o Quixote de Cervantes de modo diferente, adaptado ao seu tempo. Borges diz que a obra dele “pode ser fácil” e relacionada sem dificuldades. Todavia madame Bachelier, escritora de um jornal de tendência protestante, teve a indelicadeza de formular um catálogo da obra do romancista com omissões e adições feitas por ela. Disse que “a obra visível de Menard é facilmente relacionável”. (sua lista não darei, pois encontra-se no livro). Nosso autor refere-se, agora, a obra “subterrânea” do escritor, a inconclusa. Consta do capítulo IX e XXXVIII da primeira parte do Dom Quixote e parte do capítulo XXII. Afirma que “aqueles que insinuaram que Menard dedicou sua vida a escrever um Quixote contemporâneo, caluniam sua límpida memória”. Ele queria que as palavras e linhas coincidissem com as de Miguel Cervantes. Ele precisava, para tal empreitada, conhecer bem o espanhol, voltar a ter a fé católica, esquecer a história da Europa de 1602 a 1918 e ser o próprio Cervantes! Isso se mostrou obviamente impossível. Ser um romancista popular do século dezessete “era uma diminuição” para ele e ser o próprio Cervantes “menos interessante”. Ele escreve: "Bastaria que eu fosse imortal para levá-la a cabo”. Borges diz depois de ler várias obras primas: “Minha lembrança geral do Quixote, simplificada pelo esquecimento e pela indiferença, pode muito bem equivaler à imprecisão da imagem de um livro não escrito”. Ele argumenta que foi uma empreitada razoável escrever o Quixote no início do século XVII, mas em princípios do século XX era impossível. O grande hiato de tempo modifica tudo. Atesta Borges que o Quixote de Menard é mais sutil que o de Cervantes. “É sabido que Dom Quixote... julga o pleito contra as letras e em favor das armas”. Menard também propagava suas idéias “no estrito reverso das que preferia”. A verdade histórica para Menard não era o que ocorreu, mas “é o julgamento que aconteceu”. Disse Menard: “O Quixote foi antes de tudo um livro agradável; agora é uma ocasião para brindes patrióticos, soberba gramatical, obscenas edições de luxo. A glória é uma incompreensão e, quem sabe, a pior delas.” Ele trabalhou, arduamente, para repetir num idioma estrangeiro “um livro preexistente.” Outra frase inesquecível de Menard é “Pensar, analisar, inventar não são atos anômalos, são a respiração normal da inteligência. Todo homem deve ser capaz de todas as idéias e entendo que no futuro será”. Menard enriqueceu com uma técnica nova o ato da leitura: “a técnica do anacronismo deliberado e das atribuições errôneas.” Esse método “povoa de aventuras os livros mais pacatos”.

AS RUINAS CIRCULARES
Um soturno homem de cor cinza desembarca de sua canoa de bambu, anônimo, e se arrastando chega a um recinto circular. “Essa arena é um templo que antigos incêndios devoraram que a selva e o pântano profanaram e cujo deus não recebe a honra dos homens”. Ao pé do altar o personagem deita-se no chão e com os olhos fechados dorme, não por cansaço, mas por determinação. Sentiu o frio do medo e queria sonhar com um homem. Esse homem é ele mesmo. A princípio sonhava coisas desconexas, mas aos poucos ele se viu no centro de um anfiteatro e inúmeros alunos o escutavam atentamente. “O homem ditava-lhes lições de anatomia, de cosmografia, de magia: os rostos escutavam com ansiedade e procuravam responder com entendimento”... Entre sonho e vigília tentava entender as respostas dos discípulos e escolher o melhor. Não encontrando nenhum, mando-os embora e ficou apenas com um deles. Era um jovem soturno, com traços semelhantes ao do mestre. Contudo sobreveio a catástrofe, compreendeu que não sonhara e que “o empenho de modelar a matéria incoerente e vertiginosa de que os sonhos são feitos é o mais árduo que um varão pode empreender”. Assim buscou outro método de trabalho. “Para reatar a tarefa, esperou que o disco da lua ficasse perfeito”. Purificando-se caiu num sonho profundo, onde um coração rubro e forte palpitava. Por quatorze noites sonhou com ele. “Na décima quarta noite tocou a artéria pulmonar com o indicador e, em seguida, o coração todo por fora e por dentro”. Satisfeito não dormiu deliberadamente por uma noite, depois voltou a sonhar, invocando o nome de um planeta completou sua obra até o fim. “esse Adão de pó era o Adão de sonho que as noites do mago tinham fabricado”. Depois sonhou com uma estatua que sendo um múltiplo deus revelou que seu nome terreno era Fogo. O mago executa sua ordem. “Consagrou um prazo (que finalmente abrangeu dois anos) a lhe desvelar os arcanos do universo e do culto ao fogo”. Aumentava, então, as horas de seus sonhos. Pensava: “Agora estarei com meu filho”... “O filho que gerei me espera e não existirá se eu não for”. Seu filho, por fim nasce e ele o beija pela primeira vez, enviando-o ao outro templo muito longe donde se encontrava.. Agora se sente enfastiado por sua vitória e sua paz. “0 filho ausente se nutre dessas diminuições de sua alma. O propósito de sua vida fora cumprido; o homem persistiu numa espécie de êxtase”. Algum tempo depois, enquanto dormia, foi despertado por dois remadores que lhe relataram sobre um mago, num templo do Norte, que era capaz de pisar no fogo sem se queimar. Lembrou-se que de todas as criaturas do mundo só o Fogo sabia que seu filho era um fantasma. Temeu que seu filho descobrisse que não passava de um “mero simulacro”. “Não ser um homem, ser a projeção do sonho de outro homem, que humilhação incomparável, que vertigem. Então, repetiu-se um fenômeno que ocorrera há muitos séculos, As ruínas foram devastadas pelo Fogo e o mago presencia o incêndio que se agarra aos muros. A morte viera “coroar sua velhice e absolvê-lo de seus trabalhos”. Caminhou em direção às labaredas vermelhas e fumegantes, mas elas não o queimaram, “antes o acariciaram, inundando-o sem calor e sem combustão”. Nesse momento humilhante e temido, “compreendeu que ele também era uma aparência, que o outro o estava sonhando”!<<

A BIBLIOTECA DE BABEL
Alguns dizem que a Biblioteca e o universo são o mesmo e é composto por infinitas galerias hexagonais, sendo sua distribuição e arquitetura invariável. Havia um jovem viajante e peregrino que buscava o catálogo dos catálogos. Agora, já um velho sábio e se preparando para morrer afirma que “a Biblioteca é interminável”. Os místicos almejam “que o êxtase lhes revele uma câmara circular com um grande livro circular de lombada contínua... Esse livro cíclico é Deus”. Todavia para o narrador a biblioteca é uma esfera cujo centro é qualquer hexágono e a circunferência impenetrável. O ancião crê que “por uma linha razoável ou uma informação correta há léguas de insensatas cacofonias, de mixórdias verbais e de incoerências”. Os velhos bibliotecários de outrora usavam uma língua extremamente diferente da que usamos. Um chefe bibliotecário encontra um livro com duas folhas de linhas homogenias, redigidas em português ou em iídiche, mas cem anos depois se concluiu que se tratava de um dialeto samoiedo-lituano do guarani, com inflexões de árabe clássico. Esse homem observa, também, que todos os livros são igualmente compostos: o espaço, o ponto, a vírgula e as vinte e duas letras do alfabeto. Chegou-se, nessa época, a conclusão que a Biblioteca abrangia todos os livros e o resultado dessa descoberta foi de possuírem “um tesouro intacto e secreto”. Falou-se também em Vindicações: livros de profecia e apologia. Nesse momento, todos abandonaram seu doce hexágono de origem e “se lançaram escada acima, instados pelo vão propósito de encontrar sua Vindicação”. Digladiavam-se e se matavam nas escadarias para consegui-la, contudo a possibilidade de um homem encontrá-la é “computável a zero”. Queriam conhecer a origem e o tempo da Biblioteca. [6] As pessoas de esperançosas que estavam, tornaram-se deprimidas por uma busca sem solução. Alguns Purificadores, que avaliavam alguns livros imperfeitos, perpetraram grandes depredações. Outros procuraram o Homem do Livro e peregrinaram em busca d’Ele. “como localizar o venerado hexágono secreto que o hospedava”? “A certeza de que tudo está escrito nos anula ou faz de nós fantasmas”. Na sua venerável velhice nosso sábio teme que a espécie humana desapareça, mas certamente a Biblioteca[7] perdurará: “iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta”. Ele assegura que não é ilógico pensar que o mundo é infinito Ele reafirma que conclusão do problema é: “A Biblioteca é ilimitada e periódica”. “Se um viajante eterno a atravessasse em qualquer direção, comprovaria ao cabo de séculos que os mesmos volumes se repetem na mesma desordem (que, repetida, seria uma ordem: a Ordem”. E o nosso velho sábio se alegra por isso!


Impressões sobre o livro

O autor nos premia com contos fantásticos e sobrenaturais. Os temas sobre os quais fala tem sempre um questionamento filosófico e teológico. (e porque não geométrico)? Suas imagens belíssimas e suas narrações fantásticas instigam-nos a pensar sobre nossa existência, a finitude das coisas materiais e complexidade da eternidade e do ilimitado.
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1899. Faleceu em Genebra, Suíça, em 1986. Falava o idioma de sua avó, inglês, antes do próprio espanhol. Em 1914 muda-se com a família para a Suíça. Em 1919 para a Espanha, ligando-se ao movimento literário do ultraísmo. Voltando para a Argentina publica três livros de poesia e após 1930 contos, os quais ficaram famosos internacionalmente. Em 1956 professor de literatura americana e inglesa, na Universidade de Buenos Aires, começa a ficar cego sendo privado da leitura e da escrita. Em 1961 recebe o prêmio internacional Formentor dos International Publishers. Foi o primeiro de longa série.
Heresiarca – fundador de uma seita herética.
[2][2] Essa citação, em minha opinião, encerra tudo que se possa falar sobre inteligência, adaptação e criação.
[3] (Essa é uma belíssima imagem).
[4] ( O homem é sempre um ser insatisfeito).
[5] Esse talvez seja a peça literária que mais me assombrou e encantou, pois durante inúmeras vezes tive a sensação de que minha vida não passava de um sonho e que viver não era nada. Apenas um estranhamento.
[6] Os homens, sempre, desejaram conhecer o início do universo e o porque de sua formação.
[7] Provavelmente o universo com todas as suas estrelas e galáxias e sua ordem própria.
A humanidade pode ser mutável e finita, mas o universo permanece infinito.
[8] Aquilo que só existe na imaginação.
[9] O estilo de vanguarda da poesia espanhola e hispano-americana do séc. XX.

Nenhum comentário: