sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O HOMEM SENTIMENTAL



DE JAVIER MARÍAS

“Não sei se devo contar-lhes meus sonhos”. Assim começa esse romance narrado por um tenor, em primeira pessoa, que nos guiará pelo mundo da realidade e dos sonhos.
Há quatro anos ele viajara para Madri, de trem, com mais três passageiros que se sentaram a sua frente. Era um cantor e teria uma temporada operística. Acostumado a analisar pessoas, passa a observá-los atentamente - dois homens bem diferentes um do outro e uma mulher de cabeleira castanha e lisa, cujo rosto não conseguira ver, pois dormia com seus cabelos tapando suas feições. Era impecável como se nada mais faltasse para terminá-la. Um dos homens, com mãos muito pequenas, parecia tranqüilo, vulgar e endinheirado, olhava a paisagem ou a si mesmo no vidro da janela, o outro era calvo prematuramente, mas rico, por suas roupas e postura. Seria um político, um prepotente. Seu olhar era ferino e os olhos cor de uísque. Isso tudo ele escrevia com sua caneta agitada. Em seguida, depara-se em um pequeno quarto de hotel com aquela mulher, pedindo que ficasse para sempre com ele, até sua morte. Ela indaga: e se morresse primeiro? Sua morte seria a dele também. Essa narrativa começara há quatro anos. O músico viajava pelas grandes capitais da Europa e se hospedava em hotéis de luxo, comparando sua solidão com a dos representantes comerciais. Contudo era uma pessoa mais sofisticada, rica e famosa; porém esse fato não ajudava no desalento das horas de ócio. As manhãs, enquanto ensaiava, eram os únicos momentos em que se sentia um homem como outro qualquer, com um destino certo para trabalhar, trabalho esse que não fora determinado por ele, mas por um empresário de ópera qualquer. Além do mais, hotel de luxo é sempre igual em qualquer parte do mundo. Estava na velha Madri, onde passara sua infância pobre e adolescência, mas não gostava dela. “Era rústica, divertida e não encerrava mistério.” Essas sensações apareceram com certa ordem em seus sonhos da manhã. Ao chegar, sentado no bar do restaurante, reconhece um dos homens do trem, pelas mãos minúsculas. Até então só pensara em Madri, talvez tivesse se tornado um residente naquela cidade. “Tudo para mim era estranhamente conhecido e alheio, ou íntimo e reprovável... tudo abominável e próprio.” O cantor analisava, minuciosamente, as características de seus sonhos, que para ele eram uma obsessão levada muito a sério. Era complexo contar tudo o que ocorrera durante esses anos. Era difícil “falar sem libreto”. O homem de mãos setecentistas o reconheceu e tinha um sorriso contente. A pessoa sorridente do bar encantara-se ao saber que nosso herói era cantor. Deveria ter adivinhado por seu tórax, pela postura e pelos peitorais. Dato revelara sua profissão: era conselheiro financeiro, mas na verdade não passava de um acompanhante de seus empregadores. Não se envergonhava disso e fazia companhia para o cantor, em sua própria cidade, a qual o deixava tão isolado. Dato explicara que escoltava Natalia, mulher do banqueiro Manur. Era uma mulher frágil e melancólica que encontrava nele um “amigo” ideal. O casal era riquíssimo, ele belga e ela natural de Madri, cidade que adorava por abrigar seu único irmão, agora residindo na América; sentia-se só e desacompanhada por esse fato. O tenor queixava-se de excessiva dispersão e Dato da excessiva concentração de sua vida. Acompanhar Natalia Manur não era um fardo, pois era uma mulher agradável, embora deprimida. Ao narrador “ele parece ser um homem paciente e determinado”. Com conversa tão pessoal, o tenor espantou-se ao mentir quando perguntado se era casado. Dissera que não, porém vivia com uma jovem, Berta. Moravam em Barcelona e ela sempre o esperava após suas longas apresentações. Nesse momento Natalia Manur apareceu no bar. O Leão de Nápoles, como era conhecido, estabeleceu uma amizade agradável com essas duas personagens, formando, os três, uma rotina benéfica em que ele jamais se sentia só. Era acompanhado por eles durante todos os ensaios e “olhava fascinado para aqueles dois devotos de circunstância que haviam caído do céu na cidade de Madri.” Formaram um trio inseparável para todas as horas do dia. Dato jamais impunha sua vontade ou presença, deixando o cantor brilhar diante de Natalia. O primeiro, diante da madrilena, portava-se completamente diferente do que fora no bar: conversador e divertido. Em certo momento, Manur surge com o dedo indicador levantado e imóvel olhando o tenor e isso faz com que Dato “sempre senhor das situações” apresente um ao outro. Esse dedo foi visto como uma advertência pelo cantor. Ele entendeu que estava ameaçando o ameaçante. Sendo flamengo e falando vários idiomas, inclusive o espanhol, sem nenhum sotaque ou dificuldade, deixou o herói com uma sensação muito irritante... Natalia e Manur casados e há muito tempo e ele não percebera nada no trem! Isso “saltava aos olhos”. O banqueiro era “pedante, correto, sentencioso.” Esse homem tão poderoso fazia-se de sedutor “a medida justa para ser ardoroso e dominador... a medida justa para sublinhar minha posição de bufão.” O cantor encontrara Manur apenas por três vezes e no terceiro encontro não deixaria de pensar nele e sonhar com ele. Teve certeza de que desejava aniquilá-lo e continuar vendo sua mulher, a sós. Passaram-se quatro anos, durante os quais não pensara nele próprio. Acreditava que Berta não o compreendia e sentia-se só, como sempre. “Meu caráter consistia em ceder... Eu só soube me negar às coisas ou lutar por elas em pensamento e, ultimamente, como digo, nem sequer penso.” Aqui o autor discorre longamente sobre a importância do mundo onírico e de não ser apenas um estado de suspensão das necessidades vitais. Para ele o sono e o sonho eram dignos de serem velados, contudo Berta não pensava como esse homem sensível. Virava-se na cama e dormia, mas não ele. Enquanto ele foi se tornando o Leão de Nápoles, Berta morria e “se tornou nada.” Recebera a notícia pelo atual companheiro, que lhe propunha doar seus pertences. Havia caído da escada, enquanto carregava os livros do tenor e, com um tombo espetacular, falecera. “De agora em diante, se isso é possível, crescerá no meu esquecimento.” “Como é possível aniquilar e superar um homem que você não conhece...” Isso era o que se perguntava atualmente. Sua temporada chegaria ao fim e sobre Natália também não sabia nada de concreto, apenas o que pudera observar – seus gestos, gostos, andar, atitudes e seus dentes perfeitos. Tinha medo de que ela estivesse apenas substituindo-o por seu irmão ausente. Sobre seus males e carências, ao contrário de Dato, não tinha a menor idéia, após uma semana de contatos diários. Só sabia que amava o irmão e não tivera amantes. Não sabia por que ela e Manur de Flandres levavam vidas diurnas tão separadas, simplesmente podia supor as razões. Imaginava-o em pijama de seda verde, observando Natalia deixar seu casaco e bolsa em uma poltrona, ir ao banheiro e se despir para entrar na cama de casal. Imaginava, também, como seria o amor deles, ou o desamor. Se ele notaria as diferenças causadas em seu corpo, que apesar de ainda belo não era mais esplêndido. Falar-se-iam sobre o dia a dia? Se havia saído novamente com aquele cantor? “Que sujeitinho. Não fui com a cara dele.” Seus devaneios quase não tinham fim, conjecturando as mais diversas situações como todos os apaixonados. Pensava também que um cheiro invariável ou rastros é que “dão origem à saudade.” Só de uma coisa tinha absoluta certeza: “A vida deles é de um modo que não admite mais improviso nem mudanças, tudo foi falado e estipulado faz tempo.” Apesar de aceitar que Manur não exigia mais nada, ele era, de fato, o proprietário de Natalia! Durante esse curto tempo de convivência, Natalia Manur não revelara qualquer detalhe de sua vida. Já o tenor contara desde sua infância pobre e sofrida, desconfiando sempre que seu padrinho e tio fosse seu verdadeiro pai, até sua adolescência, quando começara a ter um pouco mais de liberdade. O canto o salvara. Aprendera a ler as partituras e com isso pudera ganhar algum dinheiro. Ele e seu padrinho haviam morado em Madri, cidade que aprendera a desprezar. “Eu intuía que minha estada ali... dependia do seu capricho e não do seu afeto, nem do seu senso de responsabilidade nem da sua clemência...” Natalia Manur ouvia atenta e identificou sua vida atual com a do garoto responsável e sem mãe. Obcecado por eliminar o belga de Flandres, a lembrança de Berta e ainda continuar vendo Natalia diariamente, conjeturou que Manur cairia “por si só.” “Como cansa amar”, pensou. Esquematizara um plano eficaz e viável, ao mesmo tempo, para obter o amor de Natalia. O Leão de Nápoles gostava da fama e do lugar que conquistara com muito esforço. Morava num belo lugar em Barcelona e não amava mais Berta. Cheio de desejo, resolveu ligar para o quarto de Natalia no hotel. Era muito tarde e quem atendeu foi Manur. Desligou em segundos e, desesperado, ligou para a portaria pedindo uma puta para lhe fazer companhia durante a noite. Ela já aparecera em seu sonho daquela manhã. O encontro mostrou-se desastroso e nada ocorreu, contudo ele conseguira dormir mesmo sem ser velado por alguém, como gostaria. O Leão de Nápoles não queria tornar-se um cantor wagneriano, seres obsessivos e maníacos, e descreve a trágica epopéia ocorrida com Hörbiger, no papel de Otello, que cantava, sobretudo, Wagner. Queria sempre a orquestra muito afinada com ele e os lugares da platéia repletos. O drama foi se agravando e a cada temporada perdia o ritmo da voz e da arte. O círculo se fecha e os lugares vagos abundam. A cortina se abria cada vez mais tarde até que uma noite em Munique perde completamente a voz e o que se ouviu foi uma “nota agudíssima que ninguém nunca pode repetir...” Acabara sua carreira. Fora “o mais paciente, incondicional e sofrido espectador de si mesmo”, na tentativa de ocupar com empregados e com ele mesmo as cadeiras vazias. O tenor tinha a certeza de que na noite de sua estréia o artista mais promissor seria ele. Na manhã do grande dia, ele recebeu uma visita inesperada de Hieronimo (com o agá aspirado) Manur para o dejejum em seu luxuoso quarto de hotel. Fora um encontro forçado e constrangedor, pois o banqueiro falara abertamente de seu interesse por sua mulher. Com amizade ele concordaria, mas refutaria qualquer sentimento mais denso. O Leão de Nápoles enrubesceu e não soube o que dizer. Hieronimo prosseguiu falando: “Ontem à noite, pela primeira vez, o senhor fez uma coisa anômala: ligar em hora imprópria e desligar ao ouvir minha voz. Para mim, basta uma primeira ação anômala para saber o que vai acontecer em seguida... O senhor mandou chamar logo depois uma prostituta...” – O belga arrogante era sentencioso. Esses fatos mais do que graves, obriga-o a proibi-lo de continuar vendo sua mulher. Ele decidira por Natalia e não queria perder mais tempo. Havia, praticamente, comprado-a de seu pai em dificuldades. Salvara também seu irmão. O casal tinha um casamento de outro tipo, diferente dos normais. Amara sua mulher desde o primeiro momento em que a vira. Outros já tinham tentado seduzi-la, sem sucesso. “Tudo que ele disse eu ouvi no meu sonho desta manhã com tanta exatidão como foi dito então”, mas não saberia repeti-lo... “Nunca vi nenhuma outra pessoa com tanta vontade de perseverar em sua escolha e em seu amor.” O desejo físico do rapaz por ela aumentara, assim como o desejo de eliminar seu marido. O homem de Flandres havia salvado a família de Natalia da destruição econômica e ela havia sido dada pelo irmão inescrupuloso, Roberto, como sua mulher. Ele esperava ser amado por essa mulher e esta, por sua vez, ansiava pelo reerguimento financeiro do irmão para livrá-la de tal situação. Advém que isso jamais ocorreria, pois Roberto era perdulário e desastrado. Manur ponderou nesse dia: “O senhor deve imaginar quão infeliz ela deve ser, mas considere quanto eu também sou.” Adivinhando os pensamentos do jovem tenor afirma que sua curiosidade sobre o que se passava em seu quarto durante esses quinze anos, jamais seria satisfeita. Manur, ofensivo e defensivo, confirmou que nada poderia interferir nas regras já estipuladas de seu matrimônio. Continuou ainda “não sou um marido negligente... não me complique a vida nem complique a sua. Minha mulher não é um bom negócio...” Levantou-se, arrumou-se e partiu. O Leão de Nápoles acabou de se barbear, tapou a boca com esparadrapo para ficar calado no dia de sua estréia e sequer atendeu ao telefone que tocara. Berta havia morrido há três semanas e na caixa do correio encontra outra carta de seu viúvo. Estava desesperado, mudara-se da torre em que moravam e colocaria fogo em tudo que fizesse com que ele se lembrasse da mulher falecida. O tenor não se lembrava mais dela e não queria nada, absolutamente. O tenor temia que, a partir daquele momento, ninguém mais velasse seu sono nem ele o de Natalia. Ao acordar estava sozinho na enorme cama, pois Natalia não estava mais lá. Agora ele tomava soníferos fortíssimos para adormecer. Seu pensamento não havia sido vigilante “e ela certamente não precisou de mim... nem sequer deixou um bilhete... pois ao que parece saiu de viagem.” Sim, ela partira e levara quase tudo. Sua escova de dente voltara “a estar só como antes.” Poderia ter seguido para a Argentina, a fim de ficar com seu irmão, agora próspero. Poderia ser que o tivesse abandonado como fizera quatro anos atrás com Hieronimo Manur! Também sonhara com seu abandono. Ela já havia prevenido – “Quando eu por fim for embora, você não saberá.” Ultimamente Natalia parecia cansada de tanta viagem, estava com olheiras novamente e as peles em volta das unhas roídas. Já não sorria tanto e fatigava-se muito por ter de continuar viajando continuamente. Ela desinteressara-se pela vida, não o acompanhava mais aos recitais e parecia entorpecida para tudo e todos. O jovem passa a recordar suas atitudes e lembra que ela “era a mesma que vi aquela primeira vez e que me fez saber que Natalia Manur (da qual eu ainda não sabia o nome) estava acometida, como foi mesmo que ela disse?, de dissoluções melancólicas.” Esse drama acontecera há quatro anos. “O que mais aconteceu?... Oh, sim, também sonhei que beijava pela primeira vez Natalia Manur, quase sem saber, naquele outro quarto de hotel (não o de luxo) a que fomos na tarde seguinte da estréia de Otello de Verdi no teatro de La Zarzuela.” Manur já havia sido abandonado e ainda não sabia. Depois da estréia da ópera, ninguém que houvesse convivido com o tenor, durante esses poucos dias, apareceu em seu camarim. Nem mesmo seu padrinho, o senhor Casaldáliga. Depois de jantar com artistas e empresários, o rapaz passou horas em seu quarto, completamente só, ouvindo apenas o barulho dos caminhões de lixo, que emporcalhavam a cidade. Deparou-se com um bilhete de Dato e, apesar de desconfortável, foi ao seu encontro. Dato estava nervoso, mas contido. Deu-lhe o recado de Natalia que queria encontrar-se com ele, às 5 horas, da tarde já descrita. Aconselhou-o a não levar a sério o caso, já que todos poderiam sair perdendo. O Leão de Nápoles fora o eleito por Natalia, que jamais tivera um amante. Ao perguntar por que favorecia a ele e não ao belga, Dato respondeu com a voz emocionada: “É difícil saber quem sai favorecido por uma ação ou por uma omissão, mas a gente também se cansa de não ter preferência.” Depois disso nunca mais vira Manur ou seu assistente. Fechando a porta do quarto simples de hotel, tinha “pressa de chegar à alma dela” e a cobriu de beijos. “Verei antecipadamente na tua a minha morte... ao reconhecer-me em tuas feições rígidas, deixarei de crer na autenticidade da tua expiração, por dar à tua, corpo e verossimilhança à minha.” Ninguém estaria capacitado de imaginar a própria morte, delibera o tenor. Manur levara quatro dias para resolver se matar. Vestido a passeio e com uma pistola na mão atentou contra sua vida e estava caído no chão do hotel de luxo. Um casal bêbado, errando de quarto, o havia encontrado. “A mão havia vacilado e a bala destinada ao coração tinha ido parar no pulmão esquerdo sem danificar nenhum órgão vital.” O diagnóstico era de que viveria, mas isso não sucedeu. Morreu três semanas após a tentativa e Natalia permaneceu, a cada minuto, ao seu lado. Segundo Dato, no dia do desaparecimento, Manur apenas parecera ensimesmado ou indiferente. Nem no próprio dia do suicídio ele demonstrou o menor indício do que estava por ocorrer. “Quem sabe Manur tenha tocado naqueles vestidos... vai ver que até os beijou... e um pouco de barba impediu que eles deslizassem suavemente pela face. Manur vê a tarde cair... um ar primaveril que não é próprio de seu país agita levemente as cortinas... as mulheres já saem arrumadas... seus olhos cor de conhaque espiam moderada e pausadamente através das lentes... Manur desliga a tevê e acende a luz do banheiro, em cujo espelho se mira fugazmente... Senta-se e espera anoitecer... Não deixa transparecer nada.” Depois dessas conjecturas, o Leão de Nápoles estava com sono e perguntou-se com que sonharia depois de largar aquela caneta e deitar-se sozinho. Manur, na penumbra, tivera vontade de se liquidar. A mão do tenor também estava na penumbra, mas seria incapaz de fazer o mesmo.
[Maio de 1986]

Javier Marías nasceu em Madri, 1951. É considerado um dos romancistas mais relevantes da língua castelhana contemporânea e é membro da Real Academia Espanhola. Filho de um filósofo passou parte da infância com sua família nos Estados Unidos. Em 1970 escreveu seu primeiro romance Los domínios del lobo. Lecionou nas Universidades de Oxford, Reino Unido, Wellesley College, Boston, e em 1992 na Universidade de Madrid. Em 1997 é honrado com o importante premio Nelly Sachs. Seus artigos de imprensa têm tido grande influência na cultura de Espanha e América Latina. Os livros foram traduzidos em 44 países. Publicaram no Brasil os romances Amanhã na batalha, Negro dorso do tempo, Seu rosto amanhã, Febre e lança, além de O homem sentimental. Trabalho magnífico, onde ele percorre o universo onírico e sua importância em nosso estado de vigília. Entrelaça esses dois mundos com fluidez e perspicácia. Isso obriga ao leitor a ter uma concentração maior para poder abraçar seu raciocínio. Marías aborda, também, temas humanos mais simples e inerentes a todos como amor, ódio e vingança, além da fama, poder, sedução e manipulação. O romance, escrito na primeira pessoa do singular, jamais menciona o nome do herói, mas sim seus sentimentos mais profundos.